Ela deu um sorrisinho.
— Veja bem, é uma pergunta difícil de responder...
— Por quê? — interrompeu, irritado. — Como pode ser difícil saber se você se parece ou não com a sua mãe?
Lua olhou para Arthur se sentindo impotente e entendendo a incredulidade dele, até mesmo solidária, mas ao mesmo tempo sabendo que não tinha a resposta que ele queria.
Exceto por uma...
— E se eu lhe disser que sou adotada?
Arthur parou de andar pelo escritório, encarando-a com olhos incrédulos. Ela realmente estava querendo lhe dizer, querendo que ele acreditasse...?
Mas por que não?
Centenas de crianças eram adotadas todos os anos.
Ele ficou de pé em frente ao retrato, estudando-o cuidadosamente. Ele logo reparara nas semelhanças, mas agora estava procurando por diferenças.
Havia aquela marca de nascença, claro. Mas aquilo não provava nada. Era uma bela marca e talvez Andre Souter a tenha usado como uma licença poética quando a desenhou sobre os seios da modelo.
Havia um ar de sensualidade também, achava Arthur. Mas só Deus sabia como Lua era sensual e sexy. Ele conhecera aquele mesmo olhar na noite que passaram juntos fazendo amor. Não, aquilo não provava nada.
Nem o contorno definido do corpo, aqueles seios proeminentes e o pescoço delicadamente arqueado.
O anel!
Havia um anel de esmeralda e diamante no terceiro dedo da mão esquerda da mulher. Arthur achou que Lua não tivera uma relação com Andre Souter, mas com o finado proprietário da pintura. Por que mais alguém manteria uma obra de arte tão valiosa? Especialmente se a tivesse mantido para irritar a futura esposa e o amante. Lua não usava um anel como aquele. Mas se o noivo de Lua tivesse descoberto que ela estava tendo um caso com Andre Souter, e como poderia não descobrir com a pintura comprova?, então ele teria todo o direito de romper o compromisso. Sem contar o fato de ela estar vestindo uma roupa tão provocativa. Parecia que havia acabado de sair dos braços do amante. E Arthur, melhor do que ninguém, sabia como era a aparência dela naquele momento!
Não, não havia nada na pintura que indicasse que Lua estava dizendo a verdade.
Mas por que ela mentiria? Porque fora descoberta? Ou porque, depois de deixar escapar dois homens ricos, ainda esperava que um deles se tornasse seu namorado?
Arthur fez uma careta ao virar-se para Lua.
— É uma idéia interessante, mas não muito convincente, não é?
Ela se endireitou defensivamente.
— Por quê?
Droga, por que ela não esclarecia de uma vez as coisas? Por que não admitia ser a mulher do quadro e lhe dizia como entrar em contato com Andre Souter?
Arthur balançou a cabeça.
— Porque é conveniente demais, não acha?
— Conveniente para quem? — perguntou Lua, trêmula. Certamente não para ela.
Os pais lhe disseram há muito tempo que ela era adotada, claro. E foram maravilhosos, por isso Lua jamais quis magoá-los e jamais tentou encontrar os verdadeiros pais.
E haveria motivo? Obviamente eles não a quiseram quando Lua nasceu, então por que eles a quereriam agora que era adulta?
— Veja, Lua, eu não me importo que você tenha posado nua para este cara. Eu só quero entrar em contato com Andre Souter — disse Arthur, com uma brutal honestidade.
— Bem, então se vire! — respondeu. — E por favor me avise, porque depois disso tudo eu também gostaria de conversar com ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário