Ela olhou Arthur, o cenho franzido.
— Mas você não...
— Não preciso, Lua. Esta vez foi para você. Talvez o sexo não estivesse incluído no seu plano, mas eu a desafio a negar que me desejava — ele murmurou.
Era a coisa errada a se dizer, Arthur. Totalmente errada, ele percebeu quando Lua ficou rígida, afastando-se. Mas ele precisava mostrar a ela o que eles teriam juntos, além do bebê crescendo dentro dela.
O filho dele. Dele. E ele faria qualquer coisa para que Lua percebesse que não seria dispensado caso se casassem.
Mesmo se aproveitar dela? Sim, se Arthur conseguisse esse tipo de reação sempre!
Droga, ele a manteria nua sobre uma cama por um mês se fosse preciso para fazê-la entender. Porque Lua se casaria com ele. Ela seria sua esposa. A mãe do seu filho. Ela precisava pensar. Tinha de fazê-lo entender que não se casariam. O que não seria fácil, trêmula de prazer daquele jeito!
— Isso é só sexo, Arthur — ela disse, firme.
Ele deu de ombros.
— É um começo.
— Não, não é — gritou. — O casamento é para pessoas que se amam, que querem viver juntas pelo resto da vida.
— Ou para pessoas que fizeram um bebê.
— O que isso tem a ver com casamento? — perguntou.
— Você preferia apenas morar comigo, sem se casar?
— Não! Quero dizer, claro que eu não moraria com você. Só não entendo por que você acha que tem de se casar comigo.
— Talvez seja uma questão de honra se casar com a mãe do meu filho — afirmou Arthur.
— Eu entendo que ter perdido o Luke foi arrasador para você...
— Entende? — o humor negro desaparecera. — Sim, foi... Arrasador. Foi há três anos. E nada nem ninguém pode mudar o que aconteceu.
— Exatamente. — Lua respirou fundo, aliviada porque Arthur parecia ter lhe tirado as palavras da boca. Esse bebê... — Ah, Deus! Esse bebê não vai substituí-lo...
— E você acha que é isso o que quero? Substituí-lo?
De repente Arthur lhe pareceu maior e mais ameaçador. Lua o olhou assustada, sabendo que entrara em terreno perigoso.
— Bem, eu...
— Você não pode substituir uma pessoa, assim como não pode ressuscitá-la! — gritou, os olhos flamejantes. — Lua, você tem alguma idéia do que significou para mim aquela noite que passamos juntos?
Ela deu um risinho.
— Bem, eu estou grávida, se é isso que você está querendo dizer...
— Não, não é isso. — ele se virou, as mãos na cintura, exalando raiva por todo o corpo. — Aquele dia, há seis semanas, era o aniversário de morte de Luke — ele disse. — Faz três anos que um louco entrou no carro depois de beber vinho demais em um almoço de negócios e atropelou pessoas que faziam compras em Nova York. Sarah e Luke estavam entre estas pessoas. Ela foi gravemente ferida e Luke... Luke morreu antes mesmo de os médicos chegarem!
Ela podia sentir o sofrimento e o horror daquele dia na voz de Arthur. Não só por ter perdido um filho, mas por tê-lo perdido daquele jeito...
— Por favor, acredite quando digo que sinto muito por isso tudo. Deve ter sido horrível para você. E para Sarah. — acrescentou.
Lua só sabia da existência do próprio filho há alguns minutos, e não tinha nem idéia se seria menino ou menina, mas já sabia que ficaria arrasada se algo acontecesse a ele.
— Mas eu não posso me casar com você, Arthur — disse. — As pessoas não se casam apenas porque a mulher está grávida...
— Eu realmente quero me casar com você, Lua. Esta criança terá um pai e uma mãe. E não me diga que não precisamos nos casar para isso acontecer — advertiu-a. — Eu não quero ser um pai de fim de semana para o meu filho! Quero que esta criança tenha pais que morem juntos, pessoas que ele
possa chamar de papai e mamãe.
— E quanto ao que eu quero? — reclamou Lua.
— Você foi criada por duas pessoas que a amaram, não? Pais que lhe deram o apoio e a segurança que sua mãe biológica, quem quer que seja ela, certamente pensou que não era capaz de lhe dar.
— Sim... — Lua o olhava, insegura, sem saber aonde ele queria chegar.
— O que quero dizer é que você não viveu sozinha com sua mãe, sendo colocada numa creche, de modo que sua mãe pudesse trabalhar para sustentá-la. Ou ainda com um pai que talvez a visitasse de vez em quando, partindo seu coração quando ia embora...
— Não seria a mesma coisa!
— Não se eu concordar em manter você e a criança vivendo a vida que você deseja. Mas eu não farei isso, Lua. O único jeito de você ter a vida que deseja é se casando comigo. E eu pretendo estar presente na vida desta criança todos os dias. Pela manhã, para amar e cuidar dela, e à noite, para ler
uma história antes de ela dormir, para cuidar dela quando estiver doente.
— E quanto à mãe? — perguntou. — Já que você vai se casar comigo para conseguir o que quer, o que fará comigo?
— Já lhe mostrei o que podemos ter juntos ― ele respondeu, cheio de malícia.
— Já lhe ocorreu, Arthur, que talvez eu não queira este bebê?
Arthur fechou os punhos e a expressão de encheu de raiva.
— Espero que você não esteja falando sobre o que eu acho que está.
Lua suspirou, porque sabia que um aborto não era uma opção para ela. E, pelo que se via, nem para Arthur.
— Não, eu não poderia fazer uma coisa dessas.
— Espero que não.
— Já disse que não. Droga, Arthur, não estou conseguindo pensar direito — ela suspirou. — Não sei nem ao menos quem eu sou!
— Isso descobriremos juntos — ele disse, tranqüilo. — Na verdade, eu insisto — acrescentou, sério.
— Como assim?
— Não é óbvio, Lua? Você está esperando um bebê, mas não sabe nada sobre seus pais biológicos, nem o histórico médico deles. Para o bem da criança, você precisa saber dessas coisas, não?