terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Doce amor cap.6 part.4

— Foi o que pensei — disse. — Mas, quando nos ca­sarmos, Lua, acostume-se com a idéia de que haverá apenas um homem em sua vida. Na sua cama. Entendeu? — perguntou, ríspido.

Lua o olhava de forma desafiadora. Sem querer, Arthur se colocara nas mãos dela.

— E o mesmo se aplica a você? — perguntou.
— Ah, sim — ele murmurou, dando um passo em di­reção a Lua, abraçando-a e colando o corpo ao dela. — Mantenha-me feliz na cama e eu prometo que serei fiel — disse-lhe, antes de beijá-la.

Não era o que ela queria ouvir. Mas agora que Arthur a beijava, não conseguia pensar direito.

Lua não pensou em nada. Foi tomada pelo desejo as­sim que ele lhe passou a língua sobre os lábios para abri-los e intensificar o beijo. Arthur tomou o rosto dela nas mãos, mantendo a boca grudada à
dele, de modo que pudesse explorá-la com a língua, mordiscando às vezes e a excitando ao máximo. O corpo de Lua estava tomado pelo desejo, até que ele fi­nalmente se pôs a olhar bem dentro daqueles olhos cheios de ansiedade e para os lábios ainda entreabertos.

— Sim — murmurou Arthur, soltando-a. — Não acho que vai ser difícil fingir que estou apaixonado por você. Você ainda quer que eu vá embora, Lua? — ele pergun­tou, provocando-a.

Sim!
Não...!
Claro que ela não queria que Arthur fosse embora. Ela preferia se entregar a ele.

Mas a palavra que importava para Lua era "fingir" e estar apaixonado, para Arthur, era apenas isso: fingimento.

— Quero — ela murmurou.

Ele deu de ombros.

— Pior para você.

Ah, sim, Lua sabia disso. E ficou observando enquanto Arthur fechava a porta atrás de si.

Como ela conseguiria se casar com um homem que amava, mas que não sentia nada por ela?

Um homem que só precisava tocá-la para que Lua se derretesse toda...!

Doce amor cap.6 part.3

Convencê-lo de que não estava interessada no dinheiro e nos presentes que ele lhe oferecia...

— Tudo bem. Compre-me um carro — ela disse, sa­bendo que nada do que argumentasse o convenceria de que não estava interessada no dinheiro dele. — Desde que você aceite que, em seis meses, terá de me tirar de dentro dele com um abridor de latas — ela murmurou, sarcástica.

Lua então estaria grávida de oito meses... De um bebê que se tornara real para ela depois de pas­sar
horas sozinhas no apartamento.

Tudo estava calmo e tranqüilo, tanto que ela era capaz de ouvir a batida do próprio coração, imaginando outro coraçãozinho batendo dentro dela. Lua colocou a mão sobre a barriga e mentalmente tentou tocar e conversar com a pequena vida que se formava.
E pensou ter ouvido uma resposta: Estou aqui...

Ela olhou para Arthur, querendo compartilhar aquele momento, mas sabendo que ele não entenderia como ela se sentia maravilhada com a criança que crescia dentro de si. Sem ser sexista, Lua achava que nenhum homem era capaz de entender o milagre de uma gestação. Especialmente um homem que achava que a gravidez era um meio de se alcançar alguma coisa. Lua ficou em silêncio enquanto Arthur dirigia de volta para o apartamento, um apartamento ainda vazio. Ela ti­rou a jaqueta antes de olhá-lo, alerta.

— O quê? — ele perguntou, tenso.

Ela umedeceu os lábios com a ponta da língua antes de responder. Era algo que Arthur desejara que Lua fizesse, fascinado com a sensualidade do gesto. Ele olhava fixo para a pon­ta rosada da língua delicada, que deslizava devagar sobre aqueles lábios excitantes. Lábios que ele queria desesperadamente beijar!

Pelo menos no que dizia respeito ao sexo, Arthur podia se aproximar de Lua, entendê-la e dar a ela algo que sa­tisfaria a ambos.

Era o tipo de satisfação pela qual ele ansiava desde que a deixara, há um dia. Só de pensar no corpo dela ficava todo tenso, e o banho frio que tomara antes de se encontrar com Lua não fora capaz de apagar-lhe a chama.

Mas antes que ele desse o primeiro passo para abra­çá-la e fazer amor com ela, Lua, sem perceber o desejo crescente em Arthur, começara a lhe falar.

— Eu preciso conversar sobre a visita aos meus pais amanhã — ela começou, desconfortável.

Ah, sim. Ele percebia que seria um problema para ela.

— Não é preciso — ele disse. — Entendo que seus pais não ficarão felizes se souberem por que vamos nos casar. Seria... Melhor se eles acreditassem que nós nos amamos?

Lua ficou envergonhada.

— Eles... Eles não entenderão a situação.

Não, Arthur também achava que eles não entenderiam os planos maquiavélicos da filha. Se bem que os pais dele também não entenderiam. Mas tinha certeza de que a família a acolheria bem. Só o fato de Lua estar carregando o neto era garantia suficiente para eles. E provavelmente gostariam mesmo de Lua. Afinal, ela era uma mulher afetuosa e admirável, apesar de Arthur não confiar nela de modo algum. Lua podia ter recusado o anel, mas só porque ela não queria precisar se casar com Arthur
para se apoderar do dinheiro dele. Ela não fizera cerimônia quando ele lhe oferecera o carro. Lua era uma mercenária interesseira, e, quanto mais cedo Arthur aceitasse isso, melhor seria! Ele deu de ombros.

— Não será um problema para mim. Mas como você lidará com o fato de ter de fingir ser apaixonada por mim? — ele perguntou, provocativo.

Ela manteve a cabeça abaixada, sabendo que o olhar dourado, naquele momento, diria que não seria preciso fingir. Porque, apesar de tudo, Lua amava Arthur. De um modo Insuportável. Ela já amava o bebê também. E talvez, depois que se casassem, com o tempo, Arthur poderia vir a amá-la.

Ou será que Lua estava vivendo na Ilha da Fantasia? Provavelmente. Mas a fantasia era tudo o que ela pos­suía naquele momento. Porque Lua se casaria com Arthur. Ela agora entendia que era o
único modo de mostrar que não era o tipo de mulher que ele imaginava.

E começaria demarcando uma linha para separar os presentes que aceitaria e os que não aceitaria dele. O bebê não estava à venda e nem ela, e, quanto mais cedo Arthur percebesse isso, melhor!

Ao fitá-lo, Lua conseguiu conter as emoções.

— Claro que conseguirei fingir — ela disse. — Afinal, nós dois sabemos como você pode ser encantador quando quer — acrescentou, lembrando-se de como Arthur a en­cantara naquela
noite, há seis semanas.

A ponto de Lua acreditar que estava interessado nela. Como fora ingênua... E agora estava pagando o preço por aquela ingenuidade!

— Estou cansada, Arthur — ela disse. — Se você não se importar de sair, eu gostaria de ir para a cama... — acrescentou, enquanto ele a encarava do outro lado da sala.

Ele não passaria a noite aqui, se era isso o que estava planejando. A porta do quarto de Lua ficaria trancada até o casamento! Com sorte, até lá ela o convenceria da própria inocência.

— Por mim, tudo bem — respondeu Arthur, com despre­zo. — Eu não consegui terminar meu jantar, por isso acho que vou comer alguma coisa.

Lua o olhou torto, impressionada porque ele concor­dara em ir embora sem hesitar.

— Você vai sair outra vez?
— Isso a incomoda?

Sim! Lua quis responder. Aquilo a incomodava, sim! Afinal, provavelmente ela era apenas um das muitas mulheres com as quais Arthur se envolvia quando estava na Inglaterra. E sem dúvida uma destas mulheres ficaria feliz em juntar-se a ele para um jantar. Ou o que mais ele oferecesse a ela...

Ela percebeu que não haviam conversado sobre fideli­dade no casamento. E imaginar Arthur na cama com outra mulher era inaceitável! Mas se Lua lhe dissesse isso, ele provavelmente riria.

— De jeito nenhum — assegurou-lhe.

Ele fechou a cara, ameaçador.

Doce amor cap.6 part.2

Arthur não a esqueceria nas semanas subseqüentes. Na verdade, nem mesmo olhou para outra mulher neste in­tervalo, e sabia que se encontraria com Lua assim que chegasse a Londres. Mas ele não contava com aquele quadro. Ou em descobrir que Lua estava grávida. Intencionalmente?
Não tinha certeza. Esse era o problema...

— Deixe para lá, Lua — disse, tirando do bolso do paletó uma caixinha de veludo e colocando-a diante dela. — Talvez isso a anime. — Arthur se ajeitou na cadeira para observar a reação dela.

Que não foi nada parecida com o que ele imaginara. Lua estava olhando para a caixinha como se o objeto fosse mordê-la. Talvez achasse que ela própria iria escolher o anel de noivado. Com um belo diamante, claro. Ao lembrar-se do anel dentro da caixinha, Arthur não achava que Lua ficaria desapontada. Quem estava desapontado era ele.

— Que droga, abra! — ele gritou, inclinando-se para frente. — Tenho certeza de que você vai gostar — disse, impaciente. — E se não gostar, podemos comprar algo maior e melhor — concluiu.

Ele era um idiota, um imbecil por querer acreditar que a reação de Lua indicaria que ela sentia algo pela pessoa que ela era, e não só pelo saldo bancário.

Mas ela estava certa. Era só sexo.

Lua engoliu em seco, esticando-se para pegar a caixi­nha, sabendo o que havia dentro. Ficou paralisada. Arthur dissera que eles se casariam. Mas, se o próprio instinto estivesse certo, dentro daquela caixa havia um anel de noivado. Aquilo sim era totalmente inesperado.
Por fim, Lua abriu a caixinha, arregalando os olhos e respirando com dificuldade. Era o maior diamante que vira, cercado por dezenas de diamantes menores, e a marca estampada na caixa indicava que o anel custara uma fortuna. Uma pequena parte dos milhões dos Aguiar, mas ainda assim uma fortuna.

— Você está me dando isso? — ela perguntou.
— O que você acha?
— Você está tentando me ofender? — Lua franziu a testa e empurrou a caixinha na direção de Arthur. Depois, pôs as mãos sob a mesa, como que para se impedir de aceitar algo que não queria. Nem precisava.

Ele não se mexeu.

— Você preferia uma safira? Ou talvez uma esmeral­da? Podemos ir à joalheria amanhã...
— Não me lembro de ter dito que queria um anel de noivado — disse. — E isso... Você está mesmo tentando me ofender, não? — os olhos brilhavam e ela estava ver­melha de raiva.
— O que há de errado com o anel? Não é grande o suficiente?
— Grande o suficiente! Se o diamante fosse um pouco maior, teria cegado as pessoas ao nosso lado.

Lua tinha certeza de que, com aquele anel, Arthur esta­va tentando comprá-la.

— Pode falar baixo, Lua? — ele murmurou, ao perce­ber que os outros clientes estavam olhando. — Diga-me o que há de errado com o anel e eu o trocarei.

— Se o diamante fosse menor, ele seria aceitável. Mas isso, isso não é um anel! Isso é uma coleira! — respirava com dificuldade, nervosa. — Acho que gostaria de ir em­bora agora. — ela pôs o guardanapo sobre a mesa.
— Se é o que você quer... — Arthur pôs o guardanapo sobre a mesa também, pedindo a conta.

Ele sabia que Lua não queria se casar, mas ela não precisava jogar isso na cara dele com tanta veemência. Por que ela não aceitava o fato de que não havia outro modo de colocar as mãos no dinheiro dele, a não ser tor­nando-se sua esposa? O que havia de errado com aquela mulher?

Lua podia sentir a raiva que Arthur exalava assim que deixaram o restaurante. Mas o que ele esperava, ao presenteá-la com um anel daqueles? Que ela se jogasse sobre o anel com mãos ambiciosas, isso sim. Mas Lua odiava o anel e tudo o que ele representava. Será que
ele não conseguia perceber?

— Você vai conseguir devolver o anel e receber seu dinheiro de volta? — perguntou ao se aproximarem do carro de Arthur.
— Não se preocupe com isso — ele disse, abrindo a porta do carro.

Era um belo carro esporte vermelho, do tipo que Lua só vira em revistas de fofocas. O tipo de carro que ela esperava que um homem como ele dirigisse. E este era apenas o carro que ele dirigia por Londres. Imagine os carros que tinha em Paris e Nova York!

— É um belo carro — ela elogiou, já dentro do veícu­lo e sabendo que precisava conversar sobre a visita que fariam aos pais no dia seguinte.

Lua ainda tinha de pedir a ajuda dele para conven­cer aos pais de que o casamento era por amor, e não por conveniência.

— Eu lhe compro um carro igual, se você quiser.

Ela respirou fundo.

— E por que eu quereria?
— Ah, pare de fingir. Você não está conseguindo me convencer.

Doce amor cap.6 part.1

Na tarde seguinte, ao abrir a porta para Arthur, Lua sabia que não estava mais tão perto de ter de aceitar o próprio destino.

Ela tirara o dia de folga, como ele sugerira, de qualquer modo, assim pôde se encontrar com Gilherme. Uma reu­nião que foi tão frustrante quanto a secretária lhe avisara que seria.
David Gilherme lhe disse, não. Ele não podia lhe reve­lar o endereço de Andre Souten. Não, ele também não lhe daria o telefone do artista. E não importava que a mãe de Lua tivesse sido amiga do pintor.
Ela tentou mencionar o retrato, sem sucesso. Não esta­va no catálogo do artista, então provavelmente era falso, foi o que o velho disse.O máximo que conseguiu dele foi que o agente lhe pro­metesse entregar uma carta. Mas com o conselho de que Lua não esperasse por uma resposta!
Ela achava que Gilherme estava errado. Como era sexta-feira, Andre Souter não receberia a carta até o dia seguinte, na melhor das hipóteses. Mas com certeza na semana seguinte haveria um retorno. E se não houvesse, isso significava que o pintor não era o homem que ela imaginava.

— Você está linda! — disse Arthur, ao admirá-la num vestido preto na altura do joelho e depois lhe dar um beijo na boca.

Um beijo que a pegou totalmente de surpresa!

— Não é preciso fingir esse tipo de coisa quando esta­mos sozinhos, Arthur — disse Lua.
— Quem está fingindo? — ele perguntou. — Acontece que eu gosto de beijá-la. E tenho a impressão de que você também gosta quando eu lhe beijo — acrescentou, insinuante. — E eu pensei que, levando em conta o que o beijo provoca, era mesmo melhor beijá-la quando estivéssemos sozinhos.
— Só estou dizendo que minha amiga já saiu e que você não precisa impressioná-la!
— Estou começando a me perguntar se essa amiga existe mesmo.

Lua ficou séria.

— Claro que existe. Nós vamos jantar? — ela não sa­bia ao certo se seria capaz de comer. Nada do que comera naquele dia lhe fizera bem.

A gravidez, Lua estava descobrindo, era desconfortá­vel. Mas a revista que ela estava lendo lhe ensinara que o enjôo só acontecia no começo da gestação. Aquilo geral­mente desapareceria no quarto mês. Mais sete ou oito semanas, então!

— Sim, vamos direto, acho. Assim haverá menos chan­ce de brigarmos num restaurante lotado,

Ela arqueou a sobrancelha.

— Você acha?
— Na verdade, não. — Arthur a olhou atravessado. — Como você está se sentindo?
— Em que sentido?
— Em todos!
— Bem, eu não mudei de idéia quanto a me casar com você, se é o que quer saber — resmungou Lua, vestindo a jaqueta que Arthur segurava para ela. Ele ficou sério.
— Será que podemos ao menos começar a noite sem brigar?
— Você perguntou!
— Você sabe que eu estava me referindo ao enjôo.
— Então por que não disse logo? — Lua deu um risinho. — Eu só vomitei quatro vezes hoje. Nada mal, levando em conta que não comi nem bebi nada o dia todo!

Arthur não ficou muito feliz ao ouvir aquilo.

— Minha ex-mulher foi a um médico aqui na Inglater­ra quando estava grávida do Luke. Acho que vou marcar uma consulta para você...
— Não! Não quero ver o mesmo médico que sua mu­lher consultou quando estava esperando o Luke!

Arthur pareceu surpreso e franziu a testa, mal-humorado: — Por que não? Este cara é o melhor!

— Que seja. Mas a Sarah era sua esposa, e eu sou apenas...Apenas...
— A mulher que em breve será minha esposa.

Tudo seria uma batalha? Provavelmente, concluiu Arthur. Mas ele não iria desistir. Valeria a pena, depois que tivesse o filho no colo e Lua na cama...

— Acho melhor você se acostumar com a idéia — disse Arthur. — Você, eu e o bebê seremos uma família.
— Se acha que será simples assim, sinto pena de você.

Claro que ele não achava que seria tão simples. Já sabia que Lua podia ser teimosa. Mas pensava que, quanto mais cedo ela aceitasse a ideia do casamento, melhor seria para ambos. E para o bebê...

— Vamos. — Arthur a pegou pelo braço com firmeza. — Vamos ler todo o cardápio até encontrarmos algo que você consiga manter no estômago.

Bruschetta e azeitonas, foi o que Lua descobriu, antes de tentar uma sopa e aspargos.

— Quer que eu peça mais? — ofereceu Arthur, ao ver que Lua comia o pão e as azeitonas com gosto.
— Vamos esperar e ver se consigo manter isso no es­tômago.
— Você telefonou para seus pais? — perguntou ele de repente.

Lua ligara. E fora um telefonema difícil. Não podia simplesmente contar a eles, pelo telefone, que estava grávida. Ela lhes devia uma explicação. Mas assim que mencionou a companhia de um amigo, a mãe ficou toda atiçada. Sem dúvida ela já estava pensando na cor do ves­tido das madrinhas. O que era outro problema para Lua resolver. Se ela realmente casasse com Arthur, não queria que os pais soubessem por que estavam se casando. Entre­tanto sabia que não poderia manter
o bebê em segredo por muito tempo, e não se importava com a reação dos pais, mas não queria que percebessem que Arthur não a amava.
Amor.
Lua sempre achou que se casaria com alguém que amasse assim como fora com os pais.

— Lua? — chamou Arthur, incomodado com o silêncio.

Ela respirou fundo.

— Sim, eu liguei. E disse que eu o levaria para co­nhecê-los no sábado. Eles entenderam a razão e ficaram eufóricos.

Arthur se perguntava por que ela não parecia nada feliz. Afinal, era o que ela queria. O dinheiro dos Aguiar, a disposição. Lua pode não ter planejado que Arthur estaria ligado ao dinheiro, mas muitas coisas saíram diferen­tes do planejado. Incluindo o que ele sentia por ela... Quando se casou com
Sarah, a namoradinha do colé­gio, e se separou, ele jurou que jamais se apaixonaria ou se casaria de novo. Mas de algum modo ele soube, depois da noite que passara com Lua, que ela era dife­rente. E mesmo assim a dispensou de maneira cruel na manhã seguinte.

Doce amor cap.5 part.3

Para o bem da criança...

Claro. Até parece que Arthur se ofereceria para ajudar por outro motivo. Até porque ele achava que ela, Lua, era a mulher naquele retrato. E que ela engravidou de propósito!

— A primeira coisa que devemos fazer a respeito é conversamos com seus pais adotivos e descobrir se eles sabem qualquer coisa sobre seus pais biológicos.
— Claro que não sabem. Eles teriam me contado.
— Mesmo?
— Claro. Por que não me contariam?

Arthur deu de ombros.

— Não sei, mas acho que devemos perguntar.
— Também acho. Vou visitá-los neste fim de semana.
— Nós vamos — Arthur a corrigiu. — A partir de agora faremos tudo juntos, Lua.

Nós. Lua e Arthur. Lua Blanco e Arthur Aguiar. Ela não podia se casar com aquele homem só porque ele dizia que era o certo. De jeito nenhum!

— Amanhã vou tomar as providências necessárias para nos casarmos o mais rápido possível. Hoje é quin­ta-feira, então eu acho que você deve tirar o resto da semana de folga. Sábado visitaremos seus pais e no do­mingo você se mudará para o meu apartamento, nosso apartamento.
— Não me mudarei para o seu apartamento nem no domingo nem nunca! E nem vou me casar com você!
— Claro que vai — ele respondeu.
— Não...
— O que eu quero não importa?
— Mas você está conseguindo o quer. Mais do que isso, até. Você não planejou que eu fosse seu marido, não é? — ele perguntou, com um risinho.

Se Arthur a amasse e quisesse se casar com ela por isso, Lua não hesitaria em dizer sim ao pedido. Mas ele deixara claro o que pensava; para Arthur, ela era uma oportunista.

— Você não pode me obrigar...
— Acalme-se. Toda essa raiva não é boa para o bebê. O bebê. Arthur só pensava nisso.
— Vou me casar com você, Lua. Insisto. Você real­mente acha que tem o direito de negar a essa criança as coisas que eu posso dar a ela? Ou quer transformar isso em uma batalha? Uma batalha que eu pretendo vencer.
— Como assim? — ela perguntou, sentindo um frio na barriga.
— Eu lutaria pela custódia da criança — informou Arthur. — Na verdade, se você continuar a discutir esse assunto comigo, vou direto para o escritório dos meus ad­vogados dar início ao processo.

Lua o olhava como se ele fosse um monstro. E talvez fosse mesmo. Mas Arthur não recuaria. Havia muita coisa em jogo.
Ele não podia deixar que esta segunda chance de ser pai lhe escapasse.
Ela engoliu em seco.

— Você faria mesmo isso?
— Se for obrigado, sim.
— Mesmo que eu o odeie por isso?
— Mesmo assim.

Agora Lua o olhava como se não o conhecesse, ou como se desejasse jamais tê-lo conhecido!

— Acho que eu gostaria de ficar sozinha um pouco, se você não se importar.

Mas Arthur se importava.

— Nós vamos nos casar, Lua. E você vai se mudar para o meu apartamento. E nós vamos visitar seus pais no sábado. E não pense que não a ncontrarei se você fugir.
— Você está mesmo falando sério? — perguntou ela, com os olhos cheios de lágrimas.
— Com certeza.
— Vou ligar para meus pais e avisá-los.
— E você vai se mudar para meu apartamento no do­mingo?

Ela suspirou.

— Uma coisa de cada vez.

Eles não tinham tempo para "uma coisa de cada vez". Mas ao ver como Lua estava pálida, Arthur percebeu que estava no limite.

— Tudo bem. Eu lhe telefonarei amanhã para informá-la dos preparativos para o casamento. Talvez possamos jantar juntos?

Ela riu para ele, cansada.

— Acho que é um pouco tarde para começarmos um namoro.
— Precisamos começar a nos conhecer melhor — in­sistiu. — Até onde sei, temos exatamente sete meses e meio para isso.

Ela se via presa. Lua não tinha dúvidas de que Arthur falava sério quando disse que ela não conseguiria fugir. E também falava sério sobre se casar. Assim como falava sério quando ameaçou lutar pela custódia do bebê se Lua não concordasse em se casar.
Estava muito claro por que Arthur estava sendo tão enfá­tico em relação àquilo. Ele não pretendia deixar passar a segunda chance de ser pai.
Pelo menos amanhã, à esta hora, Lua se encontraria com Gillespie, o agente de Andre Souter, e começaria a resolver a situação.

Assim que tivesse as respostas de que precisava, ficaria feliz em mostrar a Arthur que ele estava errado sobre ela. Pelo menos em relação ao quadro... Quanto à gravidez, não havia nada que pudesse fazer. O que significava que ela teria de se casar ou lutar con­tra Arthur.

Com todos os milhões da família Aguiar, era uma batalha perdida.

Doce amor cap.5 part.2

Ela olhou Arthur, o cenho franzido.

— Mas você não...
— Não preciso, Lua. Esta vez foi para você. Talvez o sexo não estivesse incluído no seu plano, mas eu a desafio a negar que me desejava — ele murmurou.

Era a coisa errada a se dizer, Arthur. Totalmente errada, ele percebeu quando Lua ficou rígida, afastando-se. Mas ele precisava mostrar a ela o que eles teriam jun­tos, além do bebê crescendo dentro dela.
O filho dele. Dele. E ele faria qualquer coisa para que Lua percebesse que não seria dispensado caso se casassem.

Mesmo se aproveitar dela? Sim, se Arthur conseguisse esse tipo de reação sempre!
Droga, ele a manteria nua sobre uma cama por um mês se fosse preciso para fazê-la entender. Porque Lua se casaria com ele. Ela seria sua esposa. A mãe do seu filho. Ela precisava pensar. Tinha de fazê-lo entender que não se casariam. O que não seria fácil, trêmula de prazer daquele jeito!

— Isso é só sexo, Arthur — ela disse, firme.

Ele deu de ombros.

— É um começo.
— Não, não é — gritou. — O casamento é para pes­soas que se amam, que querem viver juntas pelo resto da vida.
— Ou para pessoas que fizeram um bebê.
— O que isso tem a ver com casamento? — perguntou.
— Você preferia apenas morar comigo, sem se casar?
— Não! Quero dizer, claro que eu não moraria com você. Só não entendo por que você acha que tem de se casar comigo.
— Talvez seja uma questão de honra se casar com a mãe do meu filho — afirmou Arthur.
— Eu entendo que ter perdido o Luke foi arrasador para você...
— Entende? — o humor negro desaparecera. — Sim, foi... Arrasador. Foi há três anos. E nada nem ninguém pode mudar o que aconteceu.
— Exatamente. — Lua respirou fundo, aliviada porque Arthur parecia ter lhe tirado as palavras da boca. Esse bebê... — Ah, Deus! Esse bebê não vai substituí-lo...
— E você acha que é isso o que quero? Substituí-lo?

De repente Arthur lhe pareceu maior e mais ameaçador. Lua o olhou assustada, sabendo que entrara em terre­no perigoso.

— Bem, eu...
— Você não pode substituir uma pessoa, assim como não pode ressuscitá-la! — gritou, os olhos flamejantes. — Lua, você tem alguma idéia do que significou para mim aquela noite que passamos juntos?

Ela deu um risinho.

— Bem, eu estou grávida, se é isso que você está que­rendo dizer...
— Não, não é isso. — ele se virou, as mãos na cintura, exalando raiva por todo o corpo. — Aquele dia, há seis semanas, era o aniversário de morte de Luke — ele disse. — Faz três anos que um louco entrou no carro depois de beber vinho demais em um almoço de negócios e atro­pelou pessoas que faziam compras em Nova York. Sarah e Luke estavam entre estas pessoas. Ela foi gravemente ferida e Luke... Luke morreu antes mesmo de os médicos chegarem!

Ela podia sentir o sofrimento e o horror daquele dia na voz de Arthur. Não só por ter perdido um filho, mas por tê-lo perdido daquele jeito...

— Por favor, acredite quando digo que sinto muito por isso tudo. Deve ter sido horrível para você. E para Sarah. — acrescentou.

Lua só sabia da existência do próprio filho há alguns minutos, e não tinha nem idéia se seria menino ou meni­na, mas já sabia que ficaria arrasada se algo acontecesse a ele.

— Mas eu não posso me casar com você, Arthur — dis­se. — As pessoas não se casam apenas porque a mulher está grávida...
— Eu realmente quero me casar com você, Lua. Esta criança terá um pai e uma mãe. E não me diga que não precisamos nos casar para isso acontecer — adver­tiu-a. — Eu não quero ser um pai de fim de semana para o meu filho! Quero que esta criança tenha pais que morem juntos, pessoas que ele
possa chamar de papai e mamãe.
— E quanto ao que eu quero? — reclamou Lua.
— Você foi criada por duas pessoas que a amaram, não? Pais que lhe deram o apoio e a segurança que sua mãe biológica, quem quer que seja ela, certamente pensou que não era capaz de lhe dar.
— Sim... — Lua o olhava, insegura, sem saber aonde ele queria chegar.
— O que quero dizer é que você não viveu sozinha com sua mãe, sendo colocada numa creche, de modo que sua mãe pudesse trabalhar para sustentá-la. Ou ainda com um pai que talvez a visitasse de vez em quando, partindo seu coração quando ia embora...
— Não seria a mesma coisa!
— Não se eu concordar em manter você e a criança vivendo a vida que você deseja. Mas eu não farei isso, Lua. O único jeito de você ter a vida que deseja é se casando comigo. E eu pretendo estar presente na vida des­ta criança todos os dias. Pela manhã, para amar e cuidar dela, e à noite, para ler
uma história antes de ela dormir, para cuidar dela quando estiver doente.
— E quanto à mãe? — perguntou. — Já que você vai se casar comigo para conseguir o que quer, o que fará comigo?
— Já lhe mostrei o que podemos ter juntos ― ele res­pondeu, cheio de malícia.
— Já lhe ocorreu, Arthur, que talvez eu não queira este bebê?

Arthur fechou os punhos e a expressão de encheu de raiva.

— Espero que você não esteja falando sobre o que eu acho que está.

Lua suspirou, porque sabia que um aborto não era uma opção para ela. E, pelo que se via, nem para Arthur.

— Não, eu não poderia fazer uma coisa dessas.
— Espero que não.
— Já disse que não. Droga, Arthur, não estou conseguin­do pensar direito — ela suspirou. — Não sei nem ao me­nos quem eu sou!
— Isso descobriremos juntos — ele disse, tranqüilo. — Na verdade, eu insisto — acrescentou, sério.
— Como assim?
— Não é óbvio, Lua? Você está esperando um bebê, mas não sabe nada sobre seus pais biológicos, nem o his­tórico médico deles. Para o bem da criança, você precisa saber dessas coisas, não?