domingo, 18 de dezembro de 2011

Doce amor cap.2 part.4

— Mas eu achei que ele não pintava mais retratos...

— Claro que esta mulher o inspirara.

Lua não gostava do modo como Arthur a estava olhan­do, como se estivesse lhe examinando cada centímetro do corpo.
Um corpo que ele conhecera intimamente há seis semanas... Se bem que Arthur não parecia estar encontrando nada digno de crítica naquele corpo, parecia? Lua deu de ombros.

— Pelo que sei, Andre Souter não pinta retratos há mais de 20 anos.

— Você está duvidando dos meus conhecimentos, Lua?

Não, não estava. De jeito nenhum! Ela sabia muito bem que Arthur era um amante perfeito. E que ele não construíra a reputação mundial das Galerias Aguiar sem ter nenhum conhecimento sobre arte. Aquele homem conhecia o assunto tão bem quanto conhecia as artes do sexo!

Arthur estava ficando cansado das mentiras de Lua. Ele atravessou o escritório, furioso para tirar a proteção da tela, sem tirar os olhos de Lua ao fazê-lo, pois queria ver a reação dela diante do retrato.

Lua arregalou os olhos, sem conseguir reagir, com o corpo tenso.

Era um retrato dela. Sentada de lado em uma cadeira, usando um vestido largo azul-escuro, com os cabelos louro caindo-lhe nas costas. E era neste ponto que a formalidade do retrato terminava!
Porque a expressão dela no quadro só podia ser chama­da de provocante, com um sorriso se insinuando naqueles lábios deliciosos e com olhos, aqueles lindos olhos dou­rados, semi-fechados, como se ela estivesse excitada. Os seios estavam ligeiramente inclinados para frente, por sob o
vestido, pendendo como se a modelo não estivesse usando nada por baixo.

Como se Lua não estivesse usando nada por baixo. Porque a modelo, definitivamente, era ela.

Arthur beijara aqueles mesmo lábios há seis semanas. Vira o desejo naqueles olhos. Acariciara o bico daqueles seios. Beijara aqueles mamilos rosados. E aquele corpo sedoso se entrelaçara ao dele mais de uma vez.

— Quem é ela...?

Arthur se virou para observá-la falar num sussurro. Ele franziu ainda mais a testa ao perceber como estava pálida.

Mas os dois sabiam que a pergunta era desnecessária.

— Ah, pare com isso, Lua. — suspirou Arthur com im­paciência enquanto se colocava ao lado dela. — É você, droga! — ele a teria sacudido, mas Lua parecia apta a se desmanchar caso Arthur a tocasse.

Sem dúvida ela jamais imaginara que aquele retrato, um retrato feito por um homem que obviamente pôs todo o amor em cada pincelada, fosse visto pelo público. Era por isso que estava em choque. Na verdade, foi por sorte que o quadro não acabou em um leilão promovido pelos parentes depois da morte do proprietário da casa.

Por sorte, o leiloeiro percebeu a assinatura de Andre Souter e chamou um amigo em Londres para ver se ha­via algum comprador interessado em olhar a pintura. Arthur estava interessado e conseguiu que o homem lhe prome­tesse que não deixaria ninguém mais ver o quadro até que ele chegasse de Nova York.

Uma olhada na pintura, no estilo luminoso que era a marca das obras de Souter, e Arthur soube que tinha de possuir o quadro. A qualquer preço.

Levou algum tempo e foi necessária alguma habilidade para negociar o valor com o novo proprietário e o leiloei­ro, antes de trazer seu prêmio para Londres. A prioridade de Arthur fora conversar com Lua Blanco.
Sem dúvida a mulher no retrato.
E, na época em que ele foi feito, a amante de Southern.
Algo que ela parecia negar com firmeza!

Lua deu um passo à frente e, como se estivesse so­nhando, tocou a pintura, os dedos parando a centímetros da moldura, trêmulos. Ela mal conseguia respirar.

— Quem é ela? — perguntou, emocionada. Arthur deu um passo à frente também.

— Caramba, Lua, é você...

— Não sou eu. — ela virou o olhar para Arthur, sen­tindo o coração pulsar na garganta. — Olhe de novo — mandou Lua, quase implorando, virando-se para mais uma vez observar a pintura, sentindo uma dor no peito ao fazê-lo.

— Claro que é você...

— Não — interrompeu Lua, calma. — Ela tem uma marca de nascença, Arthur. Olhe. Aqui. — ela apon­tou para uma marca rosada na curva dos seios, visível um pouco acima da gola do vestido azul. — E olhe aqui.

Ela puxou a gola da blusa que vestia, revelando o pró­prio seio. Não havia nenhuma marca como aquela... Quem quer que fosse a mulher do retrato, não era Lua. Ela sabia que não era. Mas, se não era Lua, quem...? Não, não podia ser! Podia...? E tudo escureceu de repente...

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