segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Doce amor cap.3 part.1

Arthur praguejou ao se jogar para frente para segurar Lua antes que ela caísse no chão acarpetado,
em seguida a to­mou nos braços e a levou até um sofá de couro nos fundos do escritório.
Ele estivera esperando algum tipo de reação ao quadro, mas não isso!
Vergonha, talvez, porque era óbvio que Southern fora amante de Lua. E surpresa ao descobrir que Arthur era dono da pintura também era uma possibilidade.
Mas ele não esperava que Lua desmaiasse ao negar ser a mulher do retrato!!

Exceto pela marca de nascença, uma bela marca em forma de rosa, não podia ser outra mulher que não ela.
Arthur a deitou no sofá e ela começou a gemer baixi­nho ao recobrar a consciência, finalmente abrindo os olhos e encarando o dono da galeria, inclinado sobre ela.

— Ora, Lua. Sei que não sou nenhuma pintura, mas não sou tão feio assim! — gracejou Arthur ao se afastar um pouco.

A pintura, lembrou-se, estremecendo, tentando se re­compor. Mas levando em conta o que ela vira e o que esta­va pensando, demoraria mais do que uns poucos segundos para voltar a si.
Lua engoliu em seco, sem saber como organizar as emoções. Se a mulher no retrato realmente fosse quem ela pensava que era...

— Aqui.

Ela abriu os olhos e viu que Arthur lhe estendia um copo com água.
Lua o estava assustando com aquela coisa de des­maiar. Impaciente, ele guardou a garrafa de água numa geladeira escondida em um armário de carvalho.
Quem é que desmaia hoje em dia? Só pessoas doentes, famintas ou que batem a cabeça! Ele não entendia, afinal ela não estava doente e nem batera a cabeça. Exceto, tal­vez, no sentido figurado. Só podia ser fome.

— Você almoçou hoje? — ele perguntou, desconfiado.
— Na verdade... — Lua sentou-se e bebeu um pouco da água gelada. — ...não.

Ele balançou a cabeça e voltou à geladeira.

— Por que não? — perguntou, pegando uma barra de chocolate e entregando a ela. — Coma — ordenou. — Você vai se sentir melhor.

De algum modo Lua duvidou, mas o chocolate certa­mente não a faria mal. Ela ouvira que doce fazia bem para quem estava em choque, o que era o caso.
Olhando novamente para o retrato, lentamente mordiscou dois pedacinhos da barra.
A mulher no quadro era linda, mais do que ela. Arthur não percebia aquilo? E tinha um ar provocativo, uma sen­sualidade, aqueles olhos dourados semifechados, como se escondesse um segredo.
Lua sentiu que recomeçara a tremer e refletiu sobre qual poderia ser o segredo.
Ela comeu mais dois pedaços de chocolate antes de perguntar:

— Onde você comprou isso?
— Já lhe disse, no norte a Inglaterra — Arthur andava de um lado para o outro no escritório.

Lua o olhou com impaciência.

— Pode ser mais específico? De quem você o com­prou? Onde eles conseguiram o quadro? — de repente era vital que ela soubesse daquilo.

Arthur franziu a testa.

— Comprei de um jovem casal que acabara de herdar uma casa de um tio-avô ou coisa parecida. Eles jamais viram o quadro antes de o homem morrer porque o velho mantinha o quadro pendurado no próprio quarto — ele contou, com um pouco de raiva.

Arthur não podia dizer que se sentia à vontade com um velho babando diante do retrato de uma mulher, Lua!, que tinha idade para ser filha dele, se não neta.
Mas o casal não sabia nada sobre a mulher no retrato, quem era ela ou como o tio-avô adquirira o quadro. Arthur sabia quem era a mulher, mas não tinha a menor idéia do que o retrato fazia no quarto de um velho e não nas mãos do homem que a pintara com tanto amor.
E não parecia que Lua estava a fim de esclarecer tais questões!
Ela molhou os lábios.

— Qual era o nome do homem?
— Droga, Lua, que diferença faz? — retrucou Arthur, nervoso. — Ele tinha o seu retrato, não basta?
— Não. — ela balançou a cabeça devagar, tornando a fitá-lo com os olhos dourados. — Porque, não importa o que você pense, Arthur, a mulher do retrato não sou eu.

Diante do ceticismo dele, ela sorriu, sem achar graça.

— Não, Arthur, não sou — insistiu. — Andre Souter jamais poderia ter me retratado porque eu jamais o co­nheci! Mas parecia que minha mãe pode tê-lo conhecido — acrescentou, com tanta calma que ele tremeu ao ouvir aquilo.

A mãe dela?
Lua estava tentando dizer que a mulher no retrato era sua mãe?
Será que ela achava que Arthur era burro? Claro que era Lua na pintura. Não podia ser outra pessoa.
Podia?
Arthur franziu a testa.

— Você está me dizendo que é igualzinha à sua mãe quando ela tinha sua idade?

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