domingo, 18 de dezembro de 2011

Doce amor cap.2 part.1

Depois de seis semanas, Lua ainda estava esperando pelo telefonema de Arthur Aguiar.
Ela agira como uma tola por esperar que ele ligasse, claro e, depois de várias conversas com Kate, tivera a certeza de que Arthur nunca se envolvia seriamente com as mulheres com quem saía. Desde o fim do casamento, segundo Kate, Arthur tivera uma multidão de mulheres, mas nunca, sussurrou-lhe a secretária, como se tivesse adivinhado que o interesse de Lua era sério, ficara com uma funcionária das galerias Aguiar.

E, se ficara, talvez ela tenha deixado de ser funcionária dele rapidinho, pensou Lua.

Na verdade, ela vivera a maior parte das últimas seis semanas esperando ser demitida. Claro que não era tão fácil se livrar das pessoas hoje em dia, mas Lua não tinha dúvidas de que, se Arthur a quisesse longe dali, ele daria um jeito.

O fato é que ele finalmente estaria de volta a Lon­dres na semana seguinte, a tempo para a inauguração de uma exposição, e isso não a ajudava a se concentrar no trabalho.

Na verdade, Lua se sentia um tanto desastrada hoje, derrubara várias coisas pela manhã, parecendo totalmen­te descoordenada. Claro que ela sabia a razão do crescente nervosismo. A chegada de Arthur estava se aproximando com uma velocidade que a deixava tonta.

Talvez devesse ter pedido uma licença de alguns dias, dizendo-se doente. Estava mesmo se sentindo enjoada pelos cantos, incapaz de comer o dia todo. A ansiedade pela idéia de ver Arthur novamente parecia aumentar a cada dia.

Se bem que o motivo por que ela deveria ficar nervosa estava além da compreensão. Afinal, fora Arthur quem a convidara para sair, e não o contrário. E ela não se convidou para voltar ao apartamento. Na verdade...

— Lua? — uma voz familiar lhe soou no ouvido. Ela se virou rápido e deixou cair alguns cartões que estava preparando para a exposição.

— Desculpe — murmurou, agachando-se para pegá-los com as mãos trêmulas e aproveitando uns poucos se­gundos para se recompor.

Durante as seis semanas de ausência e silêncio de Arthur, decidira que agiria com frieza e seriedade quando o encontrasse, e não faria referência alguma, se Arthur não fizesse, ao fato de eles terem passado a noite juntos no apartamento na cobertura do prédio...

— Vamos para o meu escritório — disse ele, mal es­condendo a
impaciência. — Quero conversar com você.

Era o mesmo Arthur, percebeu Lua, ansiosa. A pele cor-de-oliva estava bronzeada, os olhos azuis exibiam o mesmo olhar ferino e o cabelo castanho, embora pare­cesse ter sido cortado. Vestido de maneira formal, com um terno cinza-escuro e uma camisa branca, com uma gravata de seda caprichosamente amarrada ao pes­coço, ele parecia um homem que estava no controle da situação.
E parecia exatamente o que era: o multimilionário se­guro, proprietário de três prestigiadas galerias de arte.

Olhando para Arthur agora, Lua se perguntava como pôde pensar que ele estava mesmo interessado nela!

— Lua — gritou Arthur, franzindo a testa para o silên­cio
dela.

Ela percebeu que estava se comportando como uma idiota, parada ali, olhando-o, sem palavras diante da apa­rição súbita dele na galeria.

Ela respirou fundo, desejando agir com naturalidade. Claro, com tanta naturalidade quanto fosse possível dian­te do homem que a assombrara e com o qual sonhara nas últimas seis semanas!

— Em que posso ajudá-lo, Sr. Aguiar? — ela per­guntou, exalando uma eficiência calma.

— Você pode subir para meu escritório comigo — ele respondeu, com firmeza. — Agora! — acrescentou, sem esperar por uma resposta e virando-se de repente, deixan­do a sala a passos largos.

Kate, que trabalhava ali perto, olhou curiosa para Lua quando ela seguiu Arthur pela galeria. Como resposta, Lua deu de ombros, como se perguntasse "como poderia saber?".

Porque ela realmente não sabia o que estava acontecen­do. Eles jantaram e dormiram juntos, mas ela não falara a ninguém aquilo, muito menos tentara entrar em contato com Arthur. Então qual era o problema?

Quanto mais pensava no assunto, diante do silêncio que Arthur fazia ao subir a escada que conduzia ao escritó­rio dele no segundo andar, com mais raiva ficava.

Será que esperava, que Lua tivesse pedido demissão antes que ele retornasse? Por que Arthur estava tão furio­so? Por que ele não esperava encontrá-la na galeria?

Bem, isso teria sido mais do que injusto, não?

Lua adorava o emprego e também gostava das pesso­as com as quais trabalhava. Além do mais, a esquisitice da situação não era culpa dela, droga!

Arthur olhou para Lua irritado ao fechar a porta do es­critório. Ele podia estar enganado, mas diante do rosto vermelho e do brilho nos olhos de Lua, apostaria que estava diante de uma moça bastante indignada.

Ele se sentou atrás da mesa de mármore italiano, uma mesa que mais de um cliente tentara comprar. Arthur sempre se recusara a vendê-la, já que o móvel parecia complementar o restante do escritório, todo de madeira e bastante austero, ainda que a vista da janela desse para o rio.

— Então, por que esta com raiva, Lua? — ele pergun­tou, com as sobrancelhas arqueadas sobre os olhos azuis que pareciam rir da situação.

— Por eu ter sido mal-edu­cado agora? Ou por que eu não telefonei nas últimas se­manas? — desafiou.

— Seis semanas — ela respondeu, ficando imediata­mente vermelha.

— Que seja. — Arthur deu de ombros, sabendo exa­tamente quanto tempo fazia desde que a vira pela últi­ma vez, mas sem ter a menor intenção de deixar que ela percebesse.

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