sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Doce amor cap.8 part.2

— E eu não vou ficar nem um pouco sozinho com você hoje?
— Estamos sozinhos agora — argumentou. — Mas pa­rece que não estamos conseguindo nos comunicar muito bem.
— Concordo. Nós nos entendemos melhor quando es­tamos na cama.

E era na cama que Arthur queria estar naquele momento, na cama com Lua, sentindo o perfume dela, tocando-a, acariciando-a, sentindo-a reagir ao toque enquanto ele mergulhava no calor daquele corpo. Arthur a desejava tanto que doía! Na verdade, ele não se lembrava de desejar outra mu­lher do mesmo jeito. Arthur a desejava o tempo todo. Inca­paz de pensar em outra coisa quando estavam separados. Querendo apenas beijá-la e acariciá-la quando estavam juntos.

Em algum momento, na manhã daquele dia, ele fi­nalmente admitira para si que estava apaixonado por Lua. Apaixonado por uma mulher na qual não confiava. Loucura. Mas era uma loucura sobre a qual nada podia fazer. Ele a amava.
E mesmo que Lua não estivesse grávida do filho dele, Arthur sabia que teria de conquistá-la, e não su­portava imaginá-la perto de outro homem, e muito menos imaginá-la compartilhando com alguém a mesma intimi­dade que compartilhara com ele. Arthur só não entendia por que Lua, querendo confir­mar que Jack Garder ainda estava de posse do retrato, fizera aquilo na frente de seus pais.

— Lua...? — ele chamou, diante do silêncio dela.
— O que você quer que eu diga? — respondeu ela, descansando a cabeça no assento.
— Eu não quero... — Arthur parou, respirando fundo. — Ah esqueça. Não vou implorar! — ele disse. Era me­lhor tomar outro banho frio antes de ir para a cama do que implorar.

Lua o olhou torto. Ela não o entendia. Como podia querer fazer amor se acreditava que ela se envolvera com um homem velho o bastante para ser seu pai e outro mais velho ainda?
Mas era o que Arthur pensava. E ele achava que Lua estava apenas se fazendo de difícil.
Ela não queria que ele fizesse amor com aquela raiva toda, como se tivesse de provar que era dono dela. Mesmo sendo inexperiente, sabia como deveria ser o amor entre duas pessoas.
Ela suspirou.

— Vamos nos casar em breve. Você não pode esperar, Arthur?
— Por que eu deveria?

Ela engasgou.

— Não sou um objeto que você pega e larga quando quer, Arthur!
— Eu nunca a usei como um objeto, droga!
— É exatamente isso o que você está propondo nesse momento.

Os olhos dele brilhavam perigosamente ao encará-la.

— Eu não a tocaria nem se você implorasse — ele atacou.
— E isso não vai acontecer mesmo — ela afirmou, também furiosa. Se o plano de Arthur desse certo, e Lua tinha certeza de que daria, eles estariam casados em poucas semanas e, então, ela estaria dividindo a cama com ele para sempre. Ah, Deus...!

— Por aqui — mostrou Arthur, de um jeito brusco, na tarde seguinte, assim que Lua começou a levar os per­tences para o quarto dele. Arthur a mandou deixar tudo no quarto ao lado, que também tinha vista para o rio.

Ela parecia em pior forma do que Arthur. E era justamente por isso que, no trajeto até o apartamento, ele decidira instalá-la no quarto ao lado, em vez do próprio.

Aqueles dias foram duros para ambos, reconheceu Arthur na noite passada, depois de deixá-la no apartamento e voltar sozinho para casa, ligar para os pais e depois para sua irmã caçula, a fim de contar sobre o casamento. Melanie ficara completamente sem palavras diante da rapidez da
decisão do irmão em se casar novamente. Falar do bebê, o que fez com que a mãe chorasse e a irmã
gritasse de alegria, ajudou, claro, mas a curiosidade sobre a noiva, as perguntas que Arthur não podia responder sobre Lua, tudo isso fez com que ele percebesse que os dois precisavam de um tempo a sós, a fim de se conhece­rem melhor antes do casamento. Isto é, sem sexo.

Lua parecia surpresa por Arthur tê-la colocado no quar­to vizinho.

— Depois do que você disse ontem, decidi que o me­lhor para nós seria que você tivesse um quarto seu até nos casarmos — explicou Arthur rapidamente, entendendo o olhar curioso de Lua.

Ela não sabia como se sentir sobre isso. Na verdade, não parecia capaz de pensar direito. Ela dormira mal de­pois do encontro com os pais e depois que Arthur se afastou logo após ela descer do carro. E repetir a si que aquilo era o que ela queria não lhe fizera bem. Claro que era, mas ao mesmo tempo Lua ansiava pela intimidade de fazer amor com Arthur, sabendo que podia tocá-lo de algum modo.

Para aumentar a tristeza, ela ainda estava totalmente perdida sobre o que fazer a respeito dos próprios pais. Eles reconheceram o nome de Jack Garder, claro, mas ela não entendia como. E quanto mais pensava no assunto, mais intrigada ficava.

Lua sabia qual era a conclusão de Arthur, mas, saben­do que ele estava errado, tentou entender a situação toda sozinha. Sem querer conversar sobre um assunto tão sério pelo telefone, Lua teria de esperar que os pais adotivos fossem a Londres para o casamento.
Mas isso não a impedia de pensar. E imaginar. Jack Garder vivia no norte da Inglaterra e, pelo que Lua sabia os pais não viveram em outro lugar que não Cambridgeshire, uma vida totalmente ligada à uni­versidade. E ambos jamais, em 26 anos, mencionaram conhecer ou ter alguma amizade com um homem chamado Jack Garder. E mesmo assim reagiram de forma estranha. Eles ouvi­ram aquele
nome antes.

Mas como? Se o conheciam, por que não explicaram a coincidência em vez
de tentar esconder o fato?

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