quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Doce amor cap.11 part.2

— Eu pretendo fazer o que você quiser, Lua — disse-lhe, a fim de tranqüilizá-la.

Ela continuou a observá-lo por um momento, respiran­do fundo antes de responder:

— Você acredita quando lhe digo que não engravidei de propósito, que foi uma surpresa para mim, tanto quanto foi para você?
— Acredito — disse Arthur. — Desculpe por tê-la acu­sado. Sinto muito. Sinceramente. Não há perdão para as coisas que eu lhe disse, para as coisas que eu fiz. — ele passou a mão por sobre os olhos. — Você tem todo o di­reito de me odiar.
— Eu não o odeio, Arthur — ela disse. —Afinal, você é o pai do meu bebê.


Sim, ele era. Arthur quase tinha certeza disso. E mesmo que não pudesse ficar com Lua, ele ainda continuaria a vê-la, por causa da criança.

— Não escolhemos as pessoas que amamos, Arthur — disse Lua, sem rodeios. — Simplesmente as amamos ou não.

E Arthur estava quase convicto de que Lua, não o amava! Talvez fosse um castigo por tê-la tratado daquela forma. Amar uma mulher que jamais, jamais retribuiria o amor.

E ela só queria terminar aquela conversa. Não agüen­tava mais. Tinha certeza de que agora Arthur voltaria para Nova York, para ficar com Sarah. Daria apoio financeiro ao bebê, mas isso era tudo.
Talvez tenha sido melhor que isso tivesse aconteci­do agora, antes que eles cometessem o equívoco de se casar, mas Lua só não sabia se seria capaz de suportar aquilo.

Arthur apareceria e desapareceria da vida dela e da do bebê, como um estranho para os dois, vivendo e amando outra pessoa, em outro lugar. Será que Claudia passou pela mesma situação? Apai­xonada por Andre Souter, porém rejeitada, e aban­donada por Jack Garder quando ele descobriu que ela tivera um caso com outro homem? Mas Claudia tinha apenas 18 anos, enquanto Lua ti­nha 26, e ela disse a Arthur, mais de uma vez, que era ple­namente capaz de cuidar de si.

Com certeza não imploraria pelo amor de um homem que não podia ficar ao lado dela porque ainda amava a ex-mulher! Lua pôs-se de pé, de repente.

— Realmente acho que é hora de eu sair, Arthur. Vou arrumar minhas malas. Ainda bem que a Gina não teve tempo de encontrar outra pessoa para dividir o apartamen­to — acrescentou, tentando rir da situação. Mas o sorriso e toda a expressão estavam sérios demais.
— Vou levá-la ao seu apartamento...
— Não é necessário...
— Necessário ou não, é o que pretendo fazer — in­sistiu, determinado. — E o mínimo que posso fazer — acrescentou.
— Tudo bem. Obrigada — aceitou Lua.

Parecia que ambos tinham lutado em uma guerra, e perdido, pensou ela, ao ir para o quarto de hóspedes a fim de pegar os pertences. Nem mesmo tivera tempo de abrir todas as malas e caixas. Em cinco minutos, guardaria tudo e estaria pronta para sair dali. Sair da vida de Arthur, para sempre.

Lua esperava apenas ser capaz de segurar as lágrimas até que estivesse na segurança do antigo apartamento. Se­ria humilhante demais se começasse a chorar na frente de Arthur.

De qualquer modo, não pertencia àquele universo, foi o que concluiu ao dar uma última volta pelo belo quarto com a cama de dossel. Nem ela nem o bebê pertenciam àquele mundo.

— Deixe-me carregar isso para você — disse Arthur, pe­gando a mala das mãos de Lua assim que ela deixou o cômodo. — Eu... Eu embrulhei o quadro para que você o leve também — acrescentou, calmamente, apontando para o pacote sobre o sofá.

Arthur não sabia direito o que fazer com o retrato de Claudia. Ele pensara em dá-lo aos Blancos antes de eles irem embora, mas de algum jeito aquilo não lhe parecera adequado. Mas para Lua, naquele momento, o quadro era a única imagem que ela possuía da mãe, e por isso deveria
ficar com ela. De qualquer modo, Arthur não precisava do quadro para se lembrar de Lua. Ele sabia que teria a imagem dela dentro da mente para o resto da vida.

Lua parecia surpresa com a oferta.

— Ah, eu não posso aceitar — ela disse. — É... É um Andre Souter original, vale uma fortuna. Deixe-o à mostra na sua galeria — acrescentou, pouco à vontade.
— Ele pertence a você, Lua — disse Arthur, por fim. — Não a uma galeria pública.

Ela suportara o máximo que era capaz. Estava segu­rando o choro muito a contragosto, e agora sabia que não queria o retrato de Claudia, pois era uma lembrança constante do erro que quase cometera ao se casar com Arthur.

— Tem medo dos homens que olharão, desejosos, para o retrato da avó do seu filho ou filha, Arthur? — ela pro­vocou.

Ele merecia aquilo. E mais.

— Só quero que você fique com o quadro — ele res­pondeu. — Pertence a você e à sua família.

Mas, como Arthur bem dissera, não era o tipo de pintura que Lua pudesse pendurar sobre a lareira na sala de estar de uma casa de família.

— Tudo bem — ela aceitou. — Acho que poderei ven­dê-lo algum dia e colocar o dinheiro numa conta para nos­so filho ou filha.
— Eu vou sustentar nossa criança, Lua. Assim como vou sustentá-la.

Ela balançou a cabeça.

— Só até eu voltar a trabalhar e ganhar meu dinheiro. Não é preciso pagar pelo mesmo erro duas vezes — ela disse.
— Nosso bebê não é um erro! — gritou Arthur, impa­ciente, o belo rosto se contorcendo de raiva.

Lua olhava para ele, impotente.

— Estava falando de mim, Arthur, não do bebê.

Ele estreitou os olhos azuis.

— Você também não foi um erro — ele murmurou.

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