quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Doce amor cap.9 part.3

— Não tente fingir que está preocupado comigo...
— Quer parar? — ele gritou, agarrando-a pelos ombros e chacoalhando-a ligeiramente. — Não quero mais brigar com você, está certo?

Lua deu um risinho, os olhos marejados.

— Seu humor é tão imprevisível...

Arthur riu alto.

— E desde quando futuros pais são previsíveis?
— É mesmo — concedeu, suspirando. — Mas talvez eu conseguisse entendê-lo melhor se você fosse mais previsível.
— Você quer me entender?

Ela fechou os olhos, defensiva.

— Não exatamente — mentiu.

Bem, Arthur realmente queria entendê-la! A noite passada, fora a coisa mais próxima da perfei­ção que ele já tivera. Não, não fora apenas próximo, fora absolutamente perfeito. Arthur se recusava a acreditar que Lua era capaz de se entregar daquele modo sem que sentisse nada por ele, que só estava atrás do dinheiro! Anão ser que Arthur estivesse apenas se enganando... Ele a largou de súbito, dando-lhe as costas.

— Tem razão. Já é hora de irmos para o trabalho.
— Sim, senhor! — respondeu Lua, provocando-o. Ele fechou os olhos por um segundo antes de se afastar.

Tinha mesmo de se afastar, senão seria capaz de fazer algo de que se arrependeria mais tarde.

Lua o observou sair, o coração pesado por saber que a intimidade que tiveram, antes do telefonema de Sarah, fora na verdade uma mentira. Eles não tinham nada em comum, a não ser o bebê. Os sete meses seguintes, até que Lua fosse novamente dona do próprio corpo, passariam diante dela como uma sombra.

Trabalho, esta era a resposta. Ela sempre adorara o tra­balho na galeria, e nem mesmo a presença de Arthur no escritório do segundo andar tiraria dela aquele prazer. Ra­pidamente ela se apegou ao trabalho, depois de explicar a Jane, a gerente, que Arthur se enganara e que ela pretendia trabalhar ainda por muitos meses.

Os colegas estavam curiosíssimos, claro, e a viam com inveja, o que tornou as coisas um pouco estranhas. Mas assim que perceberam que Lua estava se comportando normalmente, mesmo estando prestes a se casar com o proprietário da galeria, eles se acalmaram e retomaram a convivência pacífica de sempre. Bem, mais ou menos, ela percebeu. Não havia mais comentários sobre a beleza do patrão e nenhum daqueles comentários de como Arthur seria nu.

Lua, porém, era capaz de lidar com tal mudança. Na verdade, ela não queria mesmo conversar sobre Arthur naquele momento. Tentou se convencer de que eram os hormônios que a deixavam de pernas bambas e com o corpo dolorido ao pensar nele. Os hormônios estavam em polvorosa porque ela estava esperando um bebê, tudo muito simples. Foi o que repetiu a si quando Arthur voltou à galeria no fim daquela manhã e Lua, ao vê-lo, sentiu o corpo ardendo.

Arthur era mesmo tão lindo quanto as colegas de traba­lho diziam, e Lua sabia muito bem como ele era quando estava nu. Ela ficou tensa quando ele atravessou a galeria na direção dela, com a mesma energia de sempre. Lembrava-se de ter passado as mãos naqueles cabelos negros um pouco compridos demais na noite anterior, de como aquele corpo musculoso combinava com o terno cinza que o cobria.

— Sim? — ela o encarou, na defensiva.
— Vamos fazer uma reunião, Lua — ele murmurou, olhando para Kate, que trabalhava nos fundos da galeria. — E assim que você recebe o seu noivo?

Ela o olhou torto e irritada.

— Você quer que sejamos... Discretos em frente ao res­tante dos funcionários, não é?

Na verdade não, pensou Arthur. Discrição era a última coisa que lhe vinha à mente quando pensava em Lua! E ela não era somente uma funcionária; era sua noiva, meu Deus.

— Achei que seria o que você queria — ele respondeu. — Também achei que você gostaria de saber que meus ad­vogados telefonaram e que o casamento foi acertado para daqui a duas semanas, na sexta-feira, às duas e meia da tarde — informou-lhe, satisfeito, enquanto via que Lua ficava pálida ao receber a informação de que se casaria dentro de 18 dias exatos.

Droga, por que ela sempre reagia como se casar com ele fosse quase tão ruim quanto caminhar para a forca, e não como se estivesse prestes a se unir a um homem que tinha mais dinheiro do que Lua poderia gastar em toda uma vida?

— Achei que você gostaria de ligar para seus pais e lhes dizer que o casamento já tem dia e hora definidos — disse Arthur.
— Eu tentei ligar para eles hoje, mais cedo, mas nin­guém atendeu — ela revelou, franzindo a testa.

Ele ficou tenso, perguntando-se por que, já que eles ha­viam se encontrado no sábado.

— E...?
— Eles geralmente estão em casa numa segunda-feira pela manhã.

Arthur deu de ombros.

— Talvez hoje eles tenham decidido fazer algo diferente.
— Talvez — concordou ela, obviamente insatisfeita.

Ele franziu a testa.

— Não é preciso se preocupar, Lua.

Ela estava tentando não se preocupar, mas quanto mais pensava no assunto, mais se convencia de que os pais agi­ram estranhamente depois que o nome de Jack Garder veio à tona. Lua ligara para eles esta manhã para desistir da idéia, mas o telefone tocou e tocou até a ligação cair, sem resposta.

— Vou ligar para eles mais tarde — ela disse, sem que­rer que Arthur percebesse que estava preocupada.
— Talvez...

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