quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Doce amor cap.9 part.2

— Eu estava cansada, por isso fui me deitar.

Ele respirou fundo, olhando fixo para Lua.

— Você já estava na cama...
— Mas não na minha cama — ela insistiu.

Ele balançou a cabeça, frustrado.

— Você não acha mesmo que eu vou deixar você dor­mir em outro quarto depois do que aconteceu ontem.
— É exatamente o que eu acho — respondeu Lua, virando-se e se perguntando quando Arthur contaria sobre o telefonema de Sarah. E se contaria.

Talvez nunca, pensou séria. Até porque Arthur amara Sarah e o filho que eles tiveram foi fruto de um casamento baseado no amor. Este bebê nasceria de um casamento por conveniência. Se é que ha­veria casamento.

— Como disse, vou trabalhar — ela relembrou.

Descer para a galeria seria no mínimo conveniente. Era a única coisa boa que Lua conseguia ver no casamento.

— Só até a hora do almoço — disse Arthur. — Você tem uma consulta marcada com um obstetra às 14h — ele explicou.

Lua se virou para vê-lo, com olhos arregalados.

— Achei que havia dito...
— Hebe, diante de seus comentários negativos, pedi a secretária daquele médico uma recomendação de outro obstetra.
— Pediu?
— Sim.
— Como você é poderoso!

Ele deu de ombros.

— Não estou aqui para mostrar poder algum. E você sabe muito bem disso.

O humor de Lua desapareceu na hora. Por que ela se perguntava se ainda estava com raiva e irritada com Arthur por causa do telefonema de Sarah? Estava tão confusa em relação aos próprios sentimentos, que podia até mesmo bater na cabeça dele com a xícara de café.

— Ah, sim — ela concordou. — Sei muito bem.
— Que bom — encerrou Arthur. — Vou ficar no meu escritório esta manhã, lidando com alguns documentos. Almoçarei aqui com você meio-dia e meia... Você espera que eu cozinhe? Eu geralmente como um sanduíche no almoço. O que eu sou capaz de preparar sozinho. E você também, se necessário. Pretendo fazer com que você se alimente bem daqui para frente.

— Como uma égua parideira!

Ele deu um passo em direção a Lua, furioso, as mãos fechadas ao lado do corpo. Intimidador, ela percebeu. Ao senti-la apreensiva, Arthur estreitou os olhos e se obrigou a relaxar, a expressão mais solta e as mãos abertas.

— Acho melhor você não me provocar assim nova­mente, Lua — aconselhou Arthur.
— E se eu provocar? — ela perguntou, empinando o nariz.

Arthur riu melancólico.

— Nesse caso lhe darei exatamente o que você está pedindo!

Lua engoliu em seco e umedeceu os lábios com a ponta da língua. Isso deixou Arthur completamente louco, despertando-lhe o desejo. Ele se lembrou daqueles lábios percorrendo-lhe o cor­po na noite passada e ficou ansioso por fazer amor com Lua. Ela arqueou as sobrancelhas.

— O que seria?

Ele se obrigou a exibir um sorrisinho, lutando contra o desejo de tomá-la nos braços e se esquecer de tudo, pen­sando só nos dois. O que Arthur bem sabia que era possí­vel. Só que Lua parecia odiá-lo por isso. Cada vez mais, até...

— Exatamente o que você pediu ontem à noite — respondeu, desafiando-a. — Provavelmente com algumas modificações...
— Você está insinuando que o que aconteceu foi culpa minha?

Arthur fez que não.

— Não acho que seja possível chamar de culpa algo que satisfez a nós dois...

Lua ficou vermelha, mas foi incapaz de discordar. O único consolo era que ele parecia desejá-la na mesma medida.

— Vou trabalhar — repetiu Lua de repente.
— Sairemos daqui à uma e meia...
— Nós? — ela perguntou, virando-se.

Arthur a olhou, intrigado. Depois de perder Luke, não queria perder nada na vida do novo bebê.

— Você não acha mesmo que eu a deixaria ir ao médi­co sozinha, não é?

Lua simplesmente não pensara nisso. Não estava acostumada a agir como um casal, a ter alguém ao lado o tempo todo. E depois do carinho que ele trocara com Sarah ao tele­fone, e já que eles iriam se reencontrar em Nova York, era até bom que Lua não se acostumasse mesmo!

— Não sou criança, Arthur — ela atacou. — Sou capaz de ir onde for preciso.
— Mas por que usar o metrô ou pegar um táxi se estou me oferecendo para levá-la? E quero ouvir o que o médico dirá.

Lua ficou nervosa.

— Por quê?
— Por que o bebê também é meu! — ele respondeu. — E quanto mais cedo você se acostumar a isso, mais fáceis serão as coisas!

Sim, o bebê também era filho de Arthur, aceitou Lua, relutante. Não importava por que Sarah ligara ontem ou se eles se reconciliariam. Lua sabia que Arthur levava a sério responsabilidade que tinha
como pai. E era só por isso ela fazia parte da vida dele... E Lua jamais deveria se esquecer disso.

Como fizera na noite passada. Ela só não era capaz de se proteger, de resistir, quando Arthur a tocava. E era melhor nem fingir que conseguia. Ele observava as emoções passando pelo rosto de Lua, a insegurança, a apreensão. Droga, ele não queria que ela tivesse medo dele! Que­ria o impossível, que o casamento desse certo e que os dois se entendessem de algum modo. Como isso aconteceria, já que só brigavam quando não estavam na cama, Arthur não tinha a menor idéia. Talvez se começassem a parar de discutir...

— Veja Lua, vamos fazer uma trégua? — ele sugeriu. — Esta discussão não está sendo boa para mim e eu duvi­do que esteja lhe fazendo algum bem.

Ela ficou olhando para ele, rindo.

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