sábado, 14 de janeiro de 2012

Doce amor cap.10 part.1

A passos longos, Arthur logo alcançou Lua que saía da galeria com o andar lento. Ele estava ao lado
dela quando chegaram ao hall de entrada, todo em mármore, onde Maria e Henry esperavam.

Ele ficou feliz por tê-la acompanhado ao ver a serieda­de estampada no rosto do casal mais velho. Mais do que nunca, estava certo de que o desconforto que sentira no sábado era justificado.


— Espero que não se importe Arthur — disse Maria, an­siosa, pegando a filha pelas mãos. — Precisamos conver­sar com Lua. Na verdade, com vocês dois.
— Poderíamos ir para um lugar... Mais reservado? — perguntou Henry, baixinho, assim que meia-dúzia de pessoas passou por eles.
— Mamãe? Papai? — Lua demonstrou preocupa­ção. — O que está havendo de errado? Aconteceu algu­ma coisa?
— Apenas precisamos conversar com você, querida. — a mãe lhe apertou a mão, tentando tranqüilizá-la. — Nós... Precisamos explicar umas coisinhas. — ala parecia sofrer ao admitir aquilo.
— Vamos subir até meu apartamento — disse Arthur, de repente. — Lua? — perguntou, vendo que ela não se moveu e, pálida, olhava com
curiosidade em direção à mãe.

Maria observou, estava sob forte pressão emocio­nal. Os olhos estavam vermelhos e inundados de lágri­mas. Ela estava tão pálida quanto Lua. O que quer que tivesse acontecido, ele pretendia ficar ao lado de Lua. Não importava o que fosse! Lua sentia a tensão crescer à medida que o eleva­dor subia. E se perguntava se o assunto sobre o qual os pais tinham para conversar com tanta urgência era Jack Garder.

Ela sabia que Andre Souter já devia ter recebido a carta junto à fotografia e que, embora Lua lhe tives­se fornecido o próprio endereço e telefone celular caso o pintor quisesse entrar em contato, ele não o havia feito até então. Lua estava deveras decepcionada. Mas se os pais lhe contassem algo sobre Jack Garder, já seria alguma coisa. Se bem que ela não estava feliz com aquele estresse todo pelo qual o pai e a mãe pareciam estar passando.

— Aqui estamos — disse Arthur, conduzindo-os para dentro do apartamento.

O apartamento deles, pensou Lua, imaginando se Henry e Maria tentaram encontrá-la no antigo lar antes de irem à galeria, e se de algum modo se surpreenderam quando Gina lhes contou que ela se mudara. Lua pen­sara em só lhes contar quando os pais fossem a Londres para o casamento. Achava que não havia razão para lhes dizer antes. Mal sabia ela que eles a surpreenderiam com uma visita!

— Acho que uma bebida cairia bem, Maria — ofereceu Arthur. — Henry?
— Talvez um cálice e conhaque — aceitou o pai de Lua, agradecido.

Pelo que ela sabia, o pai só bebia conhaque quando es­tava doente ou preocupado; ao olhar para ele, era fácil perceber que, desta vez, Henry estava preocupado.

— O que houve de errado? — perguntou Lua de novo, agora que as bebidas estavam servidas e que todos se en­contravam sentados na sala de estar.

A mãe suspirou, trêmula.

— Nós devíamos ter contado no fim de semana — dis­se, toda nervosa. — Seu pai queria contar naquele dia. — ela sorriu sem graça. — Mas pedi que não dissesse nada. Agora percebo que ele estava certo. Nós devíamos ter contado há muitos anos. — Maria balançava a cabeça de maneira triste.
— Contar o quê? — insistiu Lua, ansiosa, ficando mais e mais tensa a cada segundo.

Arthur se colocou em pé, atrás da poltrona dela, apoiando-a em silêncio, quisesse Lua aquele apoio ou não. E ela, provavelmente, não queria, pensou Arthur, sério, mas ele o ofereceria de qualquer jeito!

— Sobre a sua mãe — disse Henry, assumindo o con­trole da conversa.
— Minha... Mãe? — repetiu Lua, baixinho Arthur estranhou que a conversa fosse sobre a mãe de Lua. Ele estava certo de que falariam sobre Jack Garder, diante da reação dos pais de Lua no fim de semana.

O que a mãe dela tinha a ver com Jack Garder? Além do mais, Henry e Maria tinham dito, no sábado, que não conheciam a mãe dela!
Não... Arthur de repente entendeu. O que Henry dissera, na verdade, foi que o nome do pai de Lua jamais fora mencionado. Naquele momento, Arthur achava que Henry estava sen­do dúbio agora ele entendeu por quê!

— O que vocês sabem a respeito da mãe dela? — per­guntou sério.
— Por favor, Arthur — Lua virou-se para ele, implo­rando. — Deixe... Deixe que me contem tudo no ritmo deles.

Lua tinha a sensação de que sabia ao menos em parte o que os pais lhe contariam, assim como sabia que eles co­nheciam a ligação da sua mãe biológica com Jack Garder, e não com Andre Souter. Provavelmente também sabiam o nome dela.

O que Lua não entendia era por que eles manteriam tal coisa sob segredo, já que sempre foram abertos a todo tipo de assunto e a criaram para agir da mesma forma. Deviam ter uma boa razão para não lhes contar sobre sua mãe biológica. Como Lua vira o quadro, com toda aquela exuberante
sensualidade, podia ao menos arriscar o motivo.

— Você pediu o histórico médico dos pais biológicos da Lua no sábado, Arthur — relembrou Henry. — Na oca­sião, eu lhe disse que não tinha a menor idéia. Não era exatamente verdade. Nós realmente não sabemos nada sobre o pai biológico de Lua. — a voz ficou ligeiramen­te mais dura. — Mas agora que sabemos que Lua está grávida, nós...
— Sua mãe morreu durante o parto, Lua — disse Maria, emocionada.
— Ela era tão pequena, tão delicada, e eles não puderam fazer nada para ajudá-la. O parto foi terrivelmente complicado. E ela morreu e o bebê sobrevi­veu. Você sobreviveu. — lágrimas surgiram e escorreram daqueles olhos castanhos cheios de sofrimento.

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