quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Doce amor cap.9 part.1

Lua estava longe de obter as respostas para aquelas perguntas na manhã seguinte, ao sentar-se para tomar um café em silêncio com Arthur.

Ela ficara deitada na cama, fingindo que dormia, quan­do Arthur desligou o telefone, obrigando-se a não se mover e nem mesmo alterar a respiração quando ele entrou no quarto e se aproximou, chamando-a pelo nome baixinho, parecendo mais intrigado do que irritado diante daquele silêncio. Claro que ela não estava dormindo. Como poderia dor­mir sem ter idéia do que aconteceria?

Por que Sarah ligara agora que Arthur estava prestes a se casar com outra mulher? Se não por outro motivo, para mantê-lo preso. Sarah não podia viver com ele, mas também não queria que ou­tra mulher vivesse. E, se aquilo fosse verdade, a questão era como Sarah ficara sabendo que Arthur se casaria? Ele contara, se bem que isso era improvável, já que parecera surpreso com a ligação. Deve ter sido algum parente dele.

De qualquer modo, isso não importava, era o fim. Lua acabara chorando até pegar no sono. Estava com tanta raiva de Arthur. Mas também estava com raiva de si! Com raiva porque havia uma parte dela que queria se levantar e se jogar nos braços dele de novo.

— É melhor eu ir trabalhar... — ela disse, subitamente
— Não seja boba, Lua — respondeu Arthur. Parecia que ele também não dormira muito bem, e por isso estava de mau humor. — Eu disse a Jane que você não trabalhará mais na galeria.

Os olhos de Lua brilharam.

— Então é melhor você ligar e dizer que mudou de idéia.
— E por que eu faria isso?
— Porque até que Gina encontre alguém para dividir o apartamento, pretendo pagar a minha metade do aluguel, e preciso de um emprego para isso. Além do mais, eu deci­direi quando e se pretendo parar de trabalhar.
— Não se eu decidir demiti-la antes — ele retrucou impaciente.
— Tente — provocou Lua. — Os jornais adorarão isso. "Esposa processa marido por demissão sem justa causa!"

Arthur respirou fundo, esforçando-se para não se des­controlar.

— Lua, como minha esposa você não precisará traba­lhar. Nunca mais.
— Não sou sua esposa ainda... — ela respondeu furiosa.
— Ainda...
— O fato é que eu tenho de pagar o aluguel.
— Eu pagarei a porcaria do aluguel até que Gina en­contre alguém — ele disse, irritado diante da teimosia.

Arthur estava impaciente porque, noite passada, ao vol­tar para o quarto, vira que Lua não estava lá. Ela não estava no banheiro ou na cozinha, onde Arthur a procurou. Então só podia estar no quarto de hóspedes.

— E foi lá que ele a encontrou, encolhida na cama e dormindo!

Lua não respondera quando Arthur a chamara. Em vez de acordá-la, ele preferiu deixá-la ali e voltar para o quar­to sozinho. Para a cama ensopada! Depois de trocar os lençóis e se deitar, ficou completa­mente acordado, olhando para o quadro que trouxera do escritório no dia anterior.
Lua...

Ele podia se imaginar no futuro, olhando para o retrato da mulher que amara porque ela o iludira. Igual a Jack Garder. Outra noite de insônia não diminuiria a irritação. E Lua sabia muito bem disso.

— Não preciso que você pague meu aluguel ou qual­quer coisa! Se acontecer algo de errado durante esta gra­videz... — respondeu ressentida.
— Como assim "se acontecer algo de errado?" — per­guntou Arthur, a testa franzida.
— Não, Arthur, eu não faria nada para machucar este bebê — ela respondeu cansada, ao perceber o olhar acu­sador dele. — De acordo com a sua teoria de eu ser uma aproveitadora, isso não seria útil, não é? O fato é que, se algo der errado, você não vai me querer como sua esposa, não é? O que significa que eu precisarei de um emprego!

Se bem que não conseguia se ver trabalhando com Arthur, nem que ele quisesse, se os dois se separassem. Ele ficou olhando para ela por um bom tempo.

— Isso não acontecerá — ele resmungou. — E se acontecer vou engravidá-la novamente!

Ela arregalou os olhos.

— E por que você se envolveria novamente com uma aproveitadora como eu?
— Por isso mesmo. Eu não vou permitir que você se divorcie de mim jamais, Lua!

Ela percebeu que Arthur estava pensando que um divór­cio se traduzia em divisão de bens e dar a ela uma boa par­te do dinheiro da família Aguiar, e Arthur não pretendia que isso acontecesse.

— Ótimo — disse. — Mas mesmo como sua esposa, eu vou decidir o que farei da minha vida, e não você!

Ele fechou os olhos por uns instantes, olhos que se abri­ram num azul profundo quando ele voltou a fitá-la.

— Você está louca para brigar esta manhã, não é?

Ela bufou.

— Não que eu saiba.
— Mentirosa — ele murmurou, irritado, com um olhar ameaçador. — E eu não estou de muito bom humor — ele advertiu. — Por que você desapareceu quando eu voltei para o quarto noite passada?

Lua evitara esta pergunta, sem querer que Arthur sou­besse que ela entreouvira a conversa que ele tivera com a ex-mulher. Isso seria vergonhoso demais. Além do mais, já que Arthur pensava que ela era uma trambiqueira, provavelmente pensaria que Lua ouvira a conversa de propósito. Ela deu de ombros.

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