segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Doce amor cap.7 part.1

— Não se preocupe, Lua — disse Arthur, a caminho da casa dos pais dela. — Já não lhe provei na
noite passada que vou ser bem convincente em frente a seus pais? E é melhor você agir do mesmo jeito quando conhecer meus pais — acrescentou. Lua o olhou torto.
— Vou conhecer seus pais? — Ela simplesmente ja­mais pensara na família de Arthur, e percebeu que não tinha a menor idéia de quem eles eram.
— Bem, claro que você vai conhecer meus pais. E o resto da família Aguiar também, sem dúvida. — Ele se virou para vê-la. — Achei que você soubesse, Lua, que minha residência fixa fica em Nova York.
— Você espera que eu vá para Nova York com você?

Ela sempre pensara que eles morariam na Inglaterra. Jamais imaginara que Arthur quisesse que... Mas por que não imaginara? Afinal, o que ela queria não tinha muita importância até agora. Na verdade, parecia que Arthur pensava que bastava mantê-la mimada e grávida, e satisfazê-la na cama, para que ficasse feliz. Ela não queria ir para Nova York, percebeu Arthur, irrita­do. Outro erro que ele cometera envolvendo Lua.

— Eu achava que a maioria das mulheres adoraria morar em Nova York. Mas se você achar melhor, compraremos uma casa na Inglaterra. — ele suspirou. — Até porque eu acho que não faz diferença para mim. — a verdade, quanto mais pensava sobre ter uma casa em Londres, com um quintal imenso para a criança brincar, mais lhe parecia uma boa idéia. Lua olhava para ele, desconfiada.
— Você faria mesmo isso...?
— Por que não? Posso viajar para Paris e Nova York daqui do mesmo modo que viajo para Londres e Paris de Nova York.

Claro que era fácil, admitiu ela, franzindo a testa. E quando ele se cansasse de dormir com ela, também pode­ria visitar a mulher que quisesse em outras cidades!
A visita aos pais estava sendo um pesadelo para Lua. Como ela poderia convencê-los de que se casaria por amor, já que todas as conversas sempre acabavam em brigas?

— Aqui.

Ela se virou para descobrir que Arthur estava segurando a mesma caixinha de joalheria da noite passada. E ficou séria ao olhar para aquilo.

— Já disse que não quero isso — ela afirmou. Nem mesmo para convencer a família sobre o relacionamento. Não podia usar aquele anel ofensivo.
— Quer pegar a caixa, Lua? Para eu usar as duas mãos para dirigir.

Relutante, ela pegou a caixinha.

— Não fique só olhando. Abra! — ordenou Arthur.

Ela o fitou de soslaio antes de abri-la. Dentro havia uma aliança com uma pedra amarela cercada por seis dia­mantes menores...

— Uma safira amarela — disse-lhe Arthur. — A cor dos seus olhos.

Ela estava prestes a chorar. Descobrira que, agora que estava grávida, chorava com facilidade. Na verdade, esta­va muito emotiva. O anel era lindo e delicado. Era o anel que teria esco­lhido para si mesma, se pudesse.
E Arthur escolhera uma safira amarela porque combina­va com os olhos dela.

— É lindo — ela disse, ofegante.
— Então use-o — sugeriu Arthur.

Lua tirou o anel da caixa e o pôs no dedo. Ficou per­feito. Ela levantou o olhar para ele, tímida.

— Você conseguiu o dinheiro daquele outro anel de volta?
— Nem tentei. Vou guardá-lo para o nosso aniversário de dez anos de casamento. Ou para o nascimento do nosso quarto bebê, o que acontecer primeiro!

Quarto bebê...? Arthur falava do casamento como se fosse algo eterno, e não um arranjo.

— É um belo anel. Obrigada.
— Você vai mesmo aceitá-lo?
— Claro — respondeu Lua, com a voz rouca.
— Ei, você não está chorando, está? — perguntou ele um pouco depois, ao perceber que ela estava tentando conter as lágrimas.

Lua estava chorando. As lágrimas rolavam por sobre o rosto. Parecia impossível controlá-las. Arthur ia pensar que ela era uma idiota emotiva, choran­do só por causa de um anel. Mas não era só um anel. Era tudo. A gravidez. A insistência para que se casas­sem. A incerteza quanto ao futuro.
Arthur deu uma olhada para Lua mais uma vez antes de parar o carro no acostamento da estradinha, colocar o veículo em ponto-morto e se virar completamente no banco na direção dela.

— Acho que podemos ter só três filhos se a idéia de qua­tro crianças for tão assustadora! — brincou, abraçando-a.

A brincadeira a fez chorar ainda mais alto. Será que Arthur alguma vez diria algo que não faria Lua ficar com raiva ou chorar? Deste modo ela parecia tão vulnerável. E tudo o que ele podia pensar era em pro­tegê-la. Ele não se lembrava de Sarah ser tão emotiva assim, nem quando estava esperando Luke...

— Com esses olhos vermelhos de tanto chorar você não vai conseguir convencer seus pais de nada, exceto de que eu bati em você — ele disse.

Lua riu à vontade. Agora não estava mais vermelha e inchada por cau­sa das lágrimas. Arthur quis mergulhar naqueles olhos dourados. Mas isso não lhe faria bem algum. Ele a soltou e se vol­tou
para trás do volante, antes de religar o carro, o rosto sério e fechado. Faltavam pouco mais de 15km para o fim da viagem.

Concentre-se, Arthur, disse para si.

Lua não estava se casando porque o amava. Não era amor. Ela estava grávida do filho deles e como recompen­sa esperava que Arthur lhe desse algumas coisas. Era isso.

Quinze minutos depois, ao conhecer os pais de Lua, ele entendeu perfeitamente por que ela estava tão preocu­pada com a reação deles.

Henry Blanco era um homem alto e magro, um pro­fessor aposentado de Cambridge, e a esposa, Maria, era aquele tipo de mulher rechonchuda e caseira para a qual o marido e a filha eram tudo, aquele tipo de mulher que se ocupava em fazer do lar o lugar mais afetuoso e convida­tivo
possível. Não havia como o casal entender o relacionamento que Lua e Arthur tinham!

— Ah, minha querida Lua, você está linda! – disse a mãe, com lágrimas nos olhos, assim que ela lhe mostrou o anel de noivado.

O pai lhe deu um abraço apertado.

— Você podia ter trazido o Arthur antes para que o co­nhecêssemos
— repreendeu-a, mas com afeto, em vez de raiva. — O dono da galeria Aguiar — acrescentou,
maravilhado.
— Culpa minha, senhor — garantiu Arthur ao cumpri­mentá-lo. — Tudo aconteceu tão rápido. Lua me con­quistou assim que eu a conheci! — literalmente, pelo que ele podia se lembrar!

Henry assentiu, como se soubesse bem o que podia acontecer a um homem que se envolvia com a filha.
Eles eram um pouco mais velhos do que Arthur imagi­nava: ele diria que tinham aproximadamente 60 anos. O que significava que Henry e Maria estavam com mais de 30 anos quando adotaram Lua. Arthur se perguntava por que esperaram tanto tempo para decidir o que fariam.

O chá, onipresente em todas as ocasiões do gênero, foi servido, embora Henry pedisse desculpas o tempo todo por não terem champanhe para celebrar o feliz casal.

Arthur viu que Lua se encolheu diante daquela descri­ção. Ele estava certo de que se comportaria como se fos­sem mesmo um casal feliz. Mas parecia que Lua diria a verdade a qualquer momento, sem se importar com as conseqüências...

— Chá é ótimo, senhor — tranqüilizou Arthur, pegan­do a xícara. — De qualquer modo, Lua não pode beber champanhe nesta condição — ele afirmou. — Não antes do bebê nascer, daqui a sete meses, mais ou menos.

Lua olhou incrédula para Arthur ao perceber como os pais reagiram àquela notícia inesperada. Mas tudo o que viu nos olhos de Arthur foi um brilho de desafio. Ela não tinha como escapar. Aquele olhar fixo era cla­ro. Lua pertencia a ele. O bebê pertencia a ele.

Estava hesitante. Olhando para os pais, ela se pergun­tava se eles a entenderiam e a ajudariam caso não lhes falasse nada sobre a gravidez. Mas do modo como Arthur a anunciou, não havia como mantê-la em segredo.

— Mamãe, papai. — Lua se virou ansiosamente para os pais. — Eu não quis lhe contar assim tão bruscamente. Ela deu um olhar de censura para Arthur antes de atra­vessar a sala para tomar as mãos da mãe. — Mas Arthur e eu estamos mesmo esperando um bebê, para o começo do ano que vem.

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